Capítulo 5 - Este Mundo Tenebroso I

Neste capítulo, começaremos a conhecer os anjos e os demônios, seus nomes e características. Apresentações e Intentos deles na grande batalha que os humanos irão enfrentar.

Continuação... Capítulo 5


Pouco além do outro lado do campus, mas a distância suficiente para estarem seguros, dois homens
gigantescos desceram à terra como refulgentes cometas branco-azulados, mantidos no ar pelo ímpeto de asas que rodopiavam formando uma sombra indistinta e queimando como relâmpago. Um deles, um homem 
enorme, corpulento, de barba preta, estava muito bravo e indignado, berrava, e gesticulava furioso com uma 
espada longa e cintilante. O outro era um pouco menor e olhava ao redor com muita cautela, tentando acalmar o seu parceiro. 
Em espiral graciosa e fulgurante, eles deslizaram para trás de um dos dormitórios da faculdade e foram  pousar nas copas pendentes de uns chorões. No momento em que seus pés tocaram as árvores, a luz de 
suas roupas e corpos começou a desaparecer e as asas tremeluzentes se aquietaram de mansinho. A não ser 
por sua estatura descomunal, eles pareciam homens comuns, um esbelto e loiro, o outro entremeado como um tanque, ambos trajando o que parecia uniforme de faxina do exército, um conjunto cáqui. Os cintos dourados haviam-se tornado semelhantes a couro escuro, as bainhas eram de cobre fosco, e os brilhantes suportes de bronze dos pés tinham-se transformado em sandálias simples de couro. O grandalhão estava pronto para uma discussão. 
— Triskal! — rosnou ele, mas ante os gestos desesperados do amigo, abaixou um pouco a voz. — O que você está fazendo aqui? Triskal manteve a mão erguida para que o amigo ficasse quieto. 
— Psiu, Guilo! O Espírito me trouxe aqui, assim como a você. Cheguei ontem. 
— Você sabe o que era aquilo? Um demônio de complacência e desespero, disso não tenho dúvida! Se  seu braço não me tivesse detido, eu o teria derrubado, e de uma única vez! 
— Oh, sim, Guilo, de uma única vez — concordou o amigo — mas foi bom eu tê-lo visto e detido a tempo.
Você acabou de chegar e não compreende... 
— O que é que não compreendo? Triskal tentou dizer de maneira convincente. 
— Nós... não devemos lutar, Guilo. Pelo menos por enquanto. Não devemos resistir. Guilo tinha certeza de que seu amigo estava enganado. Segurou com firmeza o ombro de Triskal e o olhou bem nos olhos. 
— Por que eu iria a algum lugar se não para lutar? — declarou ele. — Aqui fui chamado. Aqui lutarei. 
— Sim — disse Triskal, assentindo furiosamente com a cabeça. — Só que ainda não chegou a hora, apenas isso. — Então você deve ter recebido ordens! Você tem ordens? Triskal fez uma pausa de efeito e então disse: — Ordens de Tal.
A expressão zangada de Guilo desfez-se imediatamente em uma mistura de choque e perplexidade. 

Caía a noite sobre Ashton, e a igrejinha branca da rua Morgan Hill achava-se banhada no cálido brilho cor 
de ferrugem do sol poente. Fora, no pequeno jardim, o jovem pastor apressava-se a cortar a grama, na 
esperança de terminar antes do jantar. Cachorros ladravam na vizinhança, gente voltava do trabalho, 
crianças recebiam ordens de entrarem para jantar. Invisíveis a esses mortais, Guilo e Triskal caminharam apressadamente colina acima, furtivos e apagados, mas mesmo assim movendo-se como o vento. 
Ao chegarem à frente da igreja, Hank Busche deu a volta no canto atrás do cortador de grama ensurdecedor e Guilo teve de se deter para examiná-lo. 
— É ele? — perguntou a Triskal. — O chamado começou com ele? 
— Sim — respondeu Triskal — meses atrás. Ele está orando agora mesmo, e muitas vezes anda pelas ruas de Ashton intercedendo pela cidade. 
— Mas... este lugar é tão pequeno. Por que fui chamado? Não, não, por que Tal foi chamado? 
Triskal apenas puxou-lhe o braço. 
— Depressa, vamos entrar. 
Eles passaram rapidamente pelas paredes da igreja, adentrando o pequeno e humilde templo. Lá encontraram um contingente de guerreiros já reunidos, alguns assentados nos bancos, outros em pé pela plataforma, outros ainda fazendo o papel de sentinelas, espiando cautelosamente pelos vitrais coloridos das 
janelas. Estavam todos trajando roupas quase idênticasàs de Triskal e Guilo, as mesmas camisas e calças, mas Guilo ficou imediatamente impressionado com a estatura imponente de todos eles; eram esses os poderosos guerreiros, os potentes guerreiros, e em número maior do que ele jamais vira reunido em um só 
lugar. Impressionou-o também o ânimo da reunião. Esse momento poderia ter sido uma jubilosa reunião de 
velhos amigos, exceto pelo fato de estarem todos estranhamente sombrios. Ao correr os olhos em volta do
aposento, ele reconheceu muitos ao lado dos quais havia lutado em tempos remotos: 
Natã, o árabe alto e feroz, de muita luta e pouca fala. Foi ele que havia agarrado demônios pelos tornozelos e os tinha usado como clavas contra os próprios companheiros deles. Armote, o enorme africano cujo brado de guerra e feroz semblante geralmente bastavam para pôr o inimigo a correr antes mesmo de ele atacá-los. Guilo e Armote certa feita haviam batalhado contra os demônios senhores de cidadezinhas no Brasil e pessoalmente guardado uma família de missionários em suas muitas e longas andanças pelas matas. 
Chimon, o manso europeu de cabelos dourados, que trazia nos antebraços as marcas dos últimos golpes
de um demônio evanescente antes que Chimon o banisse para sempre no abismo. Guilo jamais havia travado conhecimento com ele, mas ouvira contar as suas proezas e sua disposição em se deixar golpear com a única finalidade de proteger outros e depois recobrar-se para derrotar sozinho incontáveis inimigos. 
Então veio o cumprimento do amigo mais antigo e mais querido. — Bem-vindo, Guilo, a Força de Muitos! 
Sim, era deveras Tal, o Capitão do Exército. Era tão estranho ver esse poderoso guerreiro em pé nesse
lugarzinho humilde e pacato. Guilo o havia visto perto da própria sala do trono do Céu, conferenciando com 
nada mais, nada menos do que Miguel. Mas ali estava o mesmo vulto impressionante de cabelos dourados e tez rosada, intensos olhos dourados como fogo e um indiscutível ar de autoridade. Guilo aproximou-se de seu capitão e os dois apertaram-se as mãos. 
— E estamos juntos novamente — disse Guilo enquanto milhares de lembranças lhe inundavam a mente. Guilo jamais vira guerreiro algum que lutasse como Tal lutava; não havia demônio que conseguisse vencê-lo em manobras e velocidade, espada alguma que pudesse desviar o golpe da espada de Tal. Lado a lado,
Guilo e seu capitão haviam derrotado os poderes demoníacos desde que esses rebeldes existiam, e haviam sido companheiros a serviço do Senhor antes que tivesse existido alguma rebelião. 
— Saudações, meu caro capitão! Tal disse à guisa de explicação: 
— E sério o negócio que nos reúne novamente. Guilo perscrutou o rosto de Tal. Sim, havia bastante confiança ali, e nem um traço de timidez. Mas trazia definitivamente uma estranha severidade nos olhos e na boca, e Guilo correu os olhos em volta do aposento outra vez. Agora ele podia senti-lo, aquele prelúdio tipicamente silencioso e agourento à comunicação de penosas notícias. Sim, todos eles sabiam algo que ele ignorava mas aguardavam que a pessoa designada, muito provavelmente Tal, falasse. Guilo não podia agüentar o silêncio, e muito menos o suspense. — Vinte e três — contou ele — dos melhores, mais galantes, mais invencíveis... reunidos agora como que sob ataque, a esconder-se de um inimigo temível em tão frágil fortaleza? — Com um gesto dramático, ele puxou da enorme espada e segurou a lâmina na mão livre. 
— Capitão Tal, quem é esse inimigo? Tal respondeu lenta e claramente: 
— Rafar, o Príncipe da Babilônia. 
Todos os olhos estavam presos ao rosto de Guilo, cuja reação foi semelhante à de cada um dos outros guerreiros ao ouvir a notícia: choque, descrença, uma pausa desajeitada para ver se alguém ria e afirmava que era apenas um engano. Não houve tal comutação da verdade. Todo o mundo no aposento continuou a olhar para Guilo com a mesma expressão mortalmente séria, tornando impiedosa-mente inescapável a gravidade da situação. 
Guilo baixou os olhos à espada. Estava ela agora tremendo em suas mãos? Ele fez questão de segurá-la com firmeza, mas não pôde deixar de fitar a lâmina, ainda arranhada e descolorida pela última vez que Guilo 
e Tal haviam confrontado esse príncipe de Baal dos tempos antigos. Guilo e Tal haviam batalhado contra ele 
durante vinte e três dias antes de finalmente derrotá-lo na véspera da queda de Babilônia. Guilo ainda se 
recordava da escuridão, da gritaria e do horror, da feroz e terrível luta corpo a corpo enquanto a dor crestava cada centímetro do seu ser. O mal daquele pretenso deus pagão parecia envolvê-lo e a tudo o que o cercava como densa fumaça, e a metade do tempo os dois guerreiros tinham de manobrar e golpear às cegas, cada um sequer sabendo se o outro ainda estava na luta. Até hoje, nenhum deles sabia qual dos dois finalmente dera o golpe que precipitou Rafar para dentro do abismo. A única coisa de que se lembravam era do berro tonitruante que ele dera ao cair através de uma brecha dentada no espaço, e depois de se verem de novo quando a grande escuridão à sua volta clareou como o dissipar de densa neblina. 
— Sei que o senhor fala a verdade — disse Guilo afinal — mas... viria alguém como Rafar a este lugar? 
Ele é o príncipe das nações, não de simples vilarejos. O que é este lugar? Que interesse poderia ele ter aqui? Tal meneou a cabeça. 
— Não sabemos. Mas é Rafar, sem dúvida, e a movimentação no reino do inimigo indica que algo está em andamento. O Espírito nos quer aqui. Precisamos confrontar o que quer que seja. 
— E não devemos lutar, não devemos resistir! — exclamou Guilo. 
— Ficarei muito fascinado em ouvir sua próxima ordem, Tal. Não podemos lutar? 
— Por enquanto, não. Somos poucos, e a cobertura de oração ainda é pequena. Não deverá haver nenhuma escaramuça, nenhuma confrontação. Não deveremos nos mostrar como agressores de forma alguma. Enquanto nos mantivermos afastados deles, perto deste lugar, e não os ameaçarmos, nossa presença aqui parecerá o cuidado normal que exercemos sobre um grupinho de santos em dificuldades — e então ele acrescentou em tom bem direto: — E será melhor se a notícia de minha presença aqui não se espalhar. Nesse momento, Guilo sentiu-se algo deslocado ainda segurando a espada, e embainhou-a com ar de desagrado. 
— E — encorajou ele — o senhor tem um plano, não tem? Não fomos chamados aqui para ver a cidade cair? O cortador de grama roncou ao passar pelas janelas, e Tal dirigiu a atenção dos presentes ao operador da máquina. 
— Foi Chimon quem teve a incumbência de trazê-lo aqui — disse ele — de cegar os olhos de seus inimigos 
e fazê-lo passar à frente do pastor que o inimigo ia escolher para este rebanho. Chimon foi bem-sucedido, 
Hank foi escolhido, o que surpreendeu a muita gente, e agora está aqui em Ashton, orando a cada hora de cada dia. Fomos chamados em favor dele, dos santos de Deus e do Cordeiro. 
— Em favor dos santos de Deus e do Cordeiro! — ecoaram todos eles. 
Tal olhou para um guerreiro alto, de cabelos escuros, aquele que o havia conduzido pela cidade na 
noite do Festival, sorriu e disse: 
— E você o fez ganhar por apenas um voto? O alto guerreiro deu de ombros. 
— O Senhor o desejava aqui. Chimon e eu tínhamos de garantir a sua vitória sobre o outro homem 
que não tem temor de Deus. Tal apresentou Guilo a esse guerreiro. 
— Guilo, este é Krioni, o vigia responsável pelo nosso guerreiro da oração aqui e da cidade de Ashton. 
Nosso chamado começou com Hank, mas a presença de Hank teve início com Krioni. 
Guilo e Krioni acenaram silenciosamente com a cabeça, saudando-se mutuamente. 
Tal observou Hank terminar de cortar a grama, orando alto ao mesmo tempo. 
— De modo que agora, enquanto seus inimigos na congregação se reagrupam e tentam encontrar outra 
forma de expulsá-lo, ele continua orando por Ashton. É um dos últimos. 
— Se não for o último! — lamentou Krioni. — Não — advertiu Tal — ele não é o único. Existe ainda um Remanescente de santos em algum lugar nesta cidade. Sempre existe um Remanescente. 
— Sempre existe um Remanescente — ecoaram todos. 
— Nosso conflito começa neste lugar. Faremos dele o nosso quartel por enquanto, cercá-lo-emos e operaremos daqui. Ele falou com um alto oriental que estava no fundo do aposento. 
— Signa, tome conta deste prédio, e escolha agora dois que fiquem ao seu lado. Este será o nosso ponto de 
descanso. Torne-o seguro. Nenhum demônio deve aproximar-se dele. 
Signa prontamente encontrou dois voluntários para trabalharem consigo. Eles sumiram rumo aos seus postos. 
— Agora, Triskal, ouvirei as notícias de Marshall Hogan. 
— Segui-o até o meu encontro com Guilo. Embora Krioni tivesse relatado uma situação algo monótona até 
a época do Festival, desde então Hogan tem sido perseguido por um demônio de complacência e desespero. Tal recebeu a notícia com grande interesse. — Hum. Pode ser que ele esteja começando a despertar. Eles o estão cobrindo, tentando mantê-lo sob controle.
Krioni acrescentou: 
— Nunca pensei que veria o que está acontecendo. O Senhor o queria na direção do Clarim, e demos um 
jeito nisso também, mas jamais vimos um indivíduo tão cansado. 
— Cansado, sim, mas isso apenas o tornará mais útil nas mãos do Senhor. E percebo que ele está realmente despertando, exatamente como o Senhor antevia. 
— Embora ele possa despertar apenas para ser destruído — disse Triskal. — Eles o devem estar vigiando. Receiam o que ele possa vir a fazer na posição influente que ocupa. 
— É verdade — respondeu Tal. — Portanto, enquanto eles exasperam o nosso urso, temos de nos 
certificar de que eles o despertem, e nada mais do que isso. Vai ser uma questão muito crítica. 
Agora Tal estava pronto a mover-se. Dirigiu-se ao grupo todo. 
— Estou esperando que Rafar tome o poder aqui até o cair da noite; não duvido de que todos sentiremos quando isso acontecer. Estejam certos de uma coisa: ele buscará de imediato a maior ameaça contra si mesmo e tentará removê-la. 
— Ah, Henry Busche — disse Guilo. 
— Krioni e Triskal, podem ter certeza de que algum tipo de pelotão será enviado com o propósito de testar o espírito de Hank. Escolham quatro guerreiros e cuidem dele. 
Tal tocou o ombro de Krioni e acrescentou: 
— Krioni, até agora você se saiu muito bem ao proteger Hank de quaisquer investidas diretas. Meus parabéns. 
— Obrigado, Capitão. 
— Estou-lhe pedindo agora que faça algo difícil. Esta noite, você precisa ficar por perto e vigiar. Não permita que toquem a vida de Hank, mas, fora disso, não impeça nada. Será um teste pelo qual ele precisa 
passar. Houve um leve movimento de surpresa e admiração, mas cada guerreiro estava disposto a confiar no julgamento de Tal. Tal continuou: 
— Quanto a Marshall Hogan... ele é o único de quem ainda não estou certo. Rafar dará incrível liberdade aos seus lacaios no que lhe diz respeito, e ele pode ceder e retroceder, ou, como todos esperamos, despertar e reagir. Rafar estará especialmente interessado nele, e eu também, esta noite. Guilo, escolha 
dois guerreiros para você e dois para mim. Tomaremos conta de Marshall esta noite e veremos como ele reage. O resto de vocês sairá à procura do Remanescente. 
Tal desembainhou a espada e a ergueu. Os outros fizeram o mesmo e uma floresta de lâminas refulgentes apareceu, erguida por braços fortes. 
— Rafar — disse Tal em voz baixa, pensativa — encontramo-nos novamente —. Então, na voz do Capitão 
do Exército, disse: 
— Pelos santos de Deus e pelo Cordeiro! 
— Pelos santos de Deus e pelo Cordeiro! — ecoaram eles.   

Complacência desenrolou as asas e deslizou para dentro do Stewart Hall, afundou no chão do andar principal, indo até as catacumbas ao nível do porão, a área separada para a administração e os escritórios 
particulares do Departamento de Psicologia. Nesse lúgubre mundo inferior o teto era baixo e opressivo, e
juncado de canos de água e tubos de aquecimento que pareciam um bando de serpentes esperando para cair. Tudo — paredes, teto, canos, painéis de madeira — era pintado no mesmo tom bege sujo, e a luz era escassa, o que, para Complacência e seus associados, era ótimo. 
Eles preferiam a escuridão, e Complacência notou que parecia estar um pouco mais escuro do que o normal. Os outros deviam ter chegado. 
Ele flutuou pelo longo sulco de um corredor em direção a uma grande porta no fundo que dizia “Sala de 
Conferências” e, atravessando-a, entrou numa caldeira de maldade viva. O aposento estava escuro, mas a escuridão parecia mais uma presença do que uma condição física; era uma força, uma atmosfera que deslizava e se arrastava pelo ambiente. Daquele negror, espiavam muitos pares de olhos amarelados sem brilho, pertencentes a uma horrível galeria de faces grotescas. 
Um brilho rubro, cuja fonte não se podia perceber, delineava as várias formas dos colegas de Complacência. Vapor amarelo serpeava em rendados tufos pelo aposento e enchia o ar com seu fedor enquanto as muitas aparições conduziam suas conversas em voz baixa e gorgolejante no escuro. 
Complacência podia perceber o desdém comum que sentiam por ele, mas o sentimento era suficientemente recíproco. Aqueles egoístas belicosos pisariam em qualquer um para se exaltarem, e acontece que Complacência era o menor e, portanto, o mais fácil de perseguir. 
Ele se aproximou de dois vultos volumosos que estavam no meio de um debate. Os braços deles, maciços e cobertos de espinhos, e as palavras venenosas que proferiam, diziam a Complacência que eram demônios especializados em ódio, que semeavam, agravavam e espalhavam o ódio, usando os braços esmagadores e os espinhos peçonhentos a fim de com eles espremer as pessoas até eliminar-lhes o amor ou envenená-lo. 
Perguntou-lhes Complacência: 
— Onde está o príncipe Lucius? 
— Encontre-o você mesmo, lagartixa! — rosnou um deles. Um demônio de lascívia, criatura coleante de olhos inquietos e esquivos, e couro escorregadio, ouviu o que diziam e, aproximando-se, agarrou Complacência nas suas garras longas e afiadas. 
— E onde você dormiu hoje? — perguntou com desdém. 
— Eu não durmo! — retorquiu Complacência. — Faço as pessoas dormirem. 
— Despertar o desejo e roubar a inocência é muito melhor. 
— Mas alguém precisa desviar os olhos dos outros. 
Lascívia pensou um pouco e deu um sorrisinho de aprovação. Largou bruscamente Complacência enquanto os que observavam caíram na risada. Complacência passou por Engano, mas nem se incomodou em perguntar-lhe coisa alguma. Engano era o demônio mais orgulhoso, mais altivo de todos, muito arrogante por seu conhecimento supostamente superior de como controlar as mentes dos homens. Sua aparência nem mesmo era tão pavorosa quanto a dos outros; ele parecia quase humano. Sua arma, gabava-se ele, era sempre um argumento constrangedor, persuasivo, sutilmente entremeado de mentiras. 
Muitos outros encontravam-se lá: Homicídio, as garras ainda pingando sangue; Anarquia, as articulações afiadas em protuberâncias pontiagudas e o couro grosso e ressecado; Ciúme, o mais desconfiado e 
difícil demônio com quem trabalhar. Mas, finalmente, Complacência encontrou Lucius, 
Príncipe de Ashton, o demônio que ocupava a posição mais alta entre todos. Lucius estava em conferência com um grupinho fechado de outros detentores de poder, repassando as próximas estratégias para controlarem acidade. Era, sem dúvida alguma, o demônio-chefe. Enorme, antes de mais nada, mantinha sempre uma postura imponente, com as asas enroladas frouxamente ao seu redor a fim de ampliar-lhe o contorno, os braços flexionados, os punhos fechados e prontos a golpearem. 
Muitos demônios cobiçavam a sua posição, e ele sabia disso; havia lutado e banido muitos deles para chegar onde estava, e tinha toda a intenção de permanecer aí. Ele não confiava em ninguém, suspeitava de todo o mundo, e sua cara negra, retorcida, e os olhos de águia estavam sempre a espalhar a mensagem de que mesmo seus associados eram inimigos. 
Complacência estava desesperado e furioso o suficiente para violar as noções de Lucius quanto ao respeito e decoro. Abriu caminho à força por entre o grupo e chegou bem diante de Lucius, que fitou nele os olhos, surpreso com a rude interrupção. 
— Meu Príncipe — rogou Complacência — preciso dirigir-lhe uma palavrinha. 
Os olhos de Lucius se entrefecharam. Quem era essa lagartixazinha para interrompê-lo no meio de uma conferência, para violar o decoro na frente dos outros? 
— Por que não está com Hogan? — rosnou ele. 
— Preciso falar com o senhor! 
— Atreve-se a falar comigo sem que eu tenha antes lhe dirigido a palavra? 
— É de vital importância. O senhor... o senhor está cometendo um erro. Está perturbando a filha de Hogan, e... Lucius imediatamente transformou-se num pequeno vulcão, vomitando horríveis imprecações e ira. 
— Você acusa o seu príncipe de erro? Atreve-se a questionar as minhas ações? 
Complacência encolheu-se, na expectativa de uma bofetada dolorosa a qualquer momento, mas mesmo assim disse: 
— Hogan não nos causará nenhum dano se não mexermos com ele. Mas o senhor acendeu um fogo dentro dele, e ele me atira longe! 
A bofetada veio, uma pancada poderosa das costas da mão de Lucius, e, enquanto revirava pelo aposento, Complacência debatia se diria ou não mais alguma coisa. Quando parou e se recobrou, ergueu os olhos e viu que todos os olhares estavam sobre ele, epodia sentir o seu zombeteiro desdém. Lucius dirigiu-se lentamente em sua direção, e postou-se em toda a sua alta estatura acima dele, como uma árvore gigante. 
— Hogan o atira longe? Não é você quem o solta? 
— Não me bata! Apenas ouça o meu pedido! Os punhos de Lucius fecharam-se dolorosamente em torno de chumaços da carne de Complacência e ergueram-no até que os olhos dos dois ficaram no mesmo plano. 
— Ele pode colocar-se em nosso caminho, e não quero saber disso! Você conhece o seu dever. Cumpra-o! — Era o que estava fazendo, e muito bem! — gritou Complacência. 
— Ele não era nada que precisássemos temer, uma lesma, um monte de barro. Eu poderia tê-lo segurado ali para sempre. 
— Então, faça isso! 
— Príncipe Lucius, por favor, ouça-me! Não lhe dê nenhum inimigo. Deixe-o sem necessidade de brigar. Lucius deixou-o cair ao chão, uma pilha de humilhação. O príncipe dirigiu-se aos outros presentes no aposento. 
— Demos um inimigo a Hogan? Todos eles sabiam como responder. 
— Não, senhor! 
— Engano — chamou Lucius, e Engano adiantouse, inclinando-se formalmente diante de Lucius. 
— Complacência acusa seu príncipe de perturbar a filha de Hogan. Você deve saber a esse respeito. 
— O senhor não ordenou ataque algum a Sandy Hogan, Príncipe — respondeu Engano. 
Complacência apontou o dedo em forma de garra e berrou: 
— Você a tem seguido! Você e seus lacaios! Vocês têm falado à sua mente, confundindo-a! 
Engano apenas ergueu os sobrolhos em leve indignação e respondeu calmamente: 
— Por convite dela própria. Só lhe dissemos o que ela prefere saber. Mal se pode chamar a isso de ataque. 
Lucius pareceu assumir algo da irritante arrogância de Engano ao dizer: 
— Sandy Hogan é um caso, mas certamente o pai é outro bem diferente. Ela não constitui a mínima ameaça para nós. Ele, sim. Devemos mandar outro para mantê-lo sob controle? 
Complacência não tinha resposta, mas acrescentou outra nota de preocupação: 
— Vi... vi mensageiros do Deus vivo hoje! Essa observação somente provocou o riso do grupo. Lucius caçoou: — Você está ficando tão medroso assim, Complacência? Vemos mensageiros do Deus vivo todos 
os dias. 
— Mas esses estavam perto! Prestes a atacar! Conheciam as minhas ações, disso estou certo. 
— Você me parece estar bem. Mas se eu fosse um deles certamente o escolheria como presa fácil. Mais 
risadas do grupo estimularam Lucius a continuar. 
— Um alvo fácil e frouxo pelo simples esporte... um demônio manco com o qual um anjo fraco pode provar sua força! Complacência encolheu-se de vergonha. Lucius deu uns passos pelo aposento, e dirigiu-se ao grupo. 
— Tememos o exército dos céus? — perguntou. 
— Como o senhor não teme, nós também não tememos! — responderam todos com grande cortesia. 
Enquanto os demônios permaneciam em sua toca 
no porão, reciprocando tapinhas nas costas e apunhalando as de Complacência, não perceberam a estranha, anormal frente fria do lado de fora. Ela se moveu lentamente sobre a cidade, trazendo vento inclemente e chuva enregelante. Conquanto a noite tivesse prometido ser brilhante e sem nuvens, foi 
escurecendo agora debaixo de um manto opressivo, meio natural, meio espiritual. 
No topo da igrejinha branca, Signa e seus dois companheiros continuaram a montar guarda enquanto a escuridão descia sobre Ashton, mais profunda e mais fria a cada momento. Por toda a vizinhança próxima, 
cães puseram-se a ladrar e a uivar. Aqui e ali uma discussão explodia entre os humanos. 
— Ele chegou — disse Signa. Entrementes, a preocupação de Lucius com a própria glória impediu-o de notar quão pequena era a atenção que estava recebendo agora por parte de suas tropas. Todos os demônios no aposento, grandes e pequenos, estavam sob o domínio de crescente medo e agitação. Todos podiam sentir algo horrível a se aproximar cada vez mais. Começaram a remexer-se, correndo os olhos de cá para lá, as caras retorcendo de apreensão. Lucius, ao passar por Complacência, deu-lhe um ponta-pé no lado, e continuou sua gabolice. 
— Complacência, pode ter certeza de que temos as coisas sob controle aqui. Nenhum dos nossos trabalhadores jamais teve de andar às escondidas commedo de ataque. Andamos livremente pela cidade, fazendo o nosso serviço sem nenhum empecilho, e nos sairemos bem em todo o lugar até que esta cidade seja totalmente nossa. Seu frouxo desajeitado! Temer é fracassar! 
Foi nesse momento que aconteceu, e tão repentinamente que nenhum deles pôde reagir de outra forma a não ser com cortantes guinchos de terror. A palavra “fracassar” mal havia deixado os lábios de Lucius quando uma nuvem violenta, fervilhante, desabou e trovejou para dentro do aposento como um vagalhão, uma avalancha súbita de força que esmagava como ferro. Os demônios foram lançados do outro lado do aposento como se fossem detritos em uma violenta maré, revirando, berrando, enrolando fortemente as asas em redor do corpo por puro terror — todos, exceto Lucius. 
À medida que os demônios se recuperavam da onda de choque inicial dessa nova presença, ergueramos olhos e viram o corpo de Lucius, contorcido como um brinquedo quebrado, nas garras de uma enorme mão preta. Ele se debatia, sufocava, afogava, pedia misericórdia, mas a mão apenas aumentava a esmagadora 
pressão, infligindo castigo sem dó, descendo da escuridão como um ciclone de uma nuvem tempestuosa. 
Então, a figura toda de uma espírito surgiu, erguendo Lucius pela garganta e sacudindo-o como uma boneca 
de pano. A coisa era maior do que qualquer outra que eles já tinham visto, um demônio gigantesco com cara 
de leão, olhos de fogo, corpo incrivelmente musculoso, e asas como que de couro a encher o aposento. 
A voz gorgolejante subia do fundo do torso do demônio e explodia em nuvens de ardente vapor vermelho. 
— Você que nada teme... está com medo agora? 
O espírito irado arremessou Lucius através do aposento para junto dos outros, e então postou-se como 
uma montanha no centro da sala, manejando uma espada mortal, em forma de S, do tamanho de uma porta. Suas garras à mostra faiscavam como as correntes douradas que lhe pendiam do pescoço e de um lado a outro do peito. Obviamente, esse príncipe dos príncipes havia recebido muitas homenagens por vitórias passadas. Seus cabelos cor de carvão caíam-lhe como juba sobre os ombros, e em cada pulso ele usava 
uma pulseira de ouro crivada de brilhantes; os dedos exibiam diversos anéis, e um cinto e uma bainha vermelho-rubi adornavam-lhe a cintura. As extensas asas negras estavam agora drapeadas às suas costas, 
como o manto de um monarca. 
Durante uma eternidade ele ficou ali, fitando-os com olhos sinistros, ardentes; estudando-os, e tudo o que podiam fazer era permanecer imóveis em seu terror, como um quadro macabro de apavorados duendes. Afinal, a grande voz ecoou das paredes: 
— Lucius, sinto que não era esperado. Você me anunciará. Levante-se! A espada cruzou o aposento e a ponta rasgou o couro de Lucius no pescoço, fazendo-o erguer-se de um salto. 
Lucius sabia que estava sendo rebaixado aos olhos de seus subalternos, mas fez o que pôde a fim de evitar a amargura e a raiva crescentes. Seu medo transparecia o suficiente para encobrir adequadamente os outros sentimentos. 
— Companheiros de trabalho... — disse ele, a voz trêmula a despeito de todos os seus esforços. — Baal 
Rafar, o Príncipe da Babilônia! 
Automaticamente, todos se puseram de pé, em parte por causa de receoso respeito, porém mais por temerem a ponta da espada de Rafar, ainda vagueando devagar de um lado ao outro, pronta a mover-se contra qualquer que lerdeasse. 
Rafar examinou-os rapidamente. Então infligiu outra afronta à pessoa de Lucius. 
— Lucius, ponha-se ao lado dos outros. Cheguei, e somente um príncipe é necessário. Atrito. Todos o sentiram imediatamente. Lucius recusou-se a mover. Seu corpo estava rígido, os punhos fechados tanto quanto sempre estavam e, embora tremesse visivelmente, devolveu de propósito o olhar fixo de Rafar e permaneceu firme. — O senhor... não pediu que cedesse o meu lugar! — desafiou ele. 
Os outros não estavam a fim de intervir ou mesmo chegar perto. Afastaram-se, lembrados de que a espada 
de Rafar podia provavelmente varrer num raio bem amplo. 
A espada realmente moveu-se, mas com tanta rapidez que a primeira coisa que se percebeu foi um grito de dor dado por Lucius enquanto rodopiava formando um nó retorcido no chão. A espada e a bainha de Lucius estavam no chão, habilmente cortadas por um rápido golpe de Rafar. Outra vez a espada se moveu, e desta vez a parte chata da lâmina prendeu Lucius ao chão pelo cabelo. 
Rafar inclinou-se sobre ele, o hálito vermelho sangue jorrando-lhe da boca e das narinas, ao falar. — Vejo que você deseja contestar a minha posição. Lucius não disse nada. 
— RESPONDA! 
— Não! — gritou Lucius. — Eu cedo. 
— Em pé! Levante-se! 
Lucius esforçou-se para erguer-se, e o braço forte de Rafar segurou-o junto aos outros. A essa altura, Lucius estava em estado lamentável, totalmente humilhado. Rafar estendeu a espada para baixo, e com a 
ponta farpada apanhou a espada e a bainha de Lucius. A espada girou como um enorme guincho e depositou as armas de Lucius nas mãos do demônio deposto. 
— Ouçam bem, todos vocês — disse Rafar, dirigindo-se a eles. — Lucius, que não teme os exércitos celestiais, mostrou ter medo. Ele é um mentiroso e um verme, e não deve merecer a sua atenção. Digo-lhes que temam os exércitos celestiais. Eles são o seu inimigo, e o intento deles é derrotá-los. Enquanto forem ignorados, ganharão terreno, e assim os vencerão. Rafar andou com passos pesados, laboriosos, 
passando e repassando pelos demônios enfileirados, inspecionando-os mais de perto. Quando chegou diante de Complacência, aproximou-se mais e Complacência caiu de costas. Rafar apanhou-o pelo cangote com um dedo e colocou-o em pé. — Diga-me, lagartixinha, o que viu hoje? 
Complacência sofreu um súbito lapso de memória. Rafar encorajou-o: 
— Mensageiros do Deus vivo, você disse? Complacência assentiu com a cabeça. 
— Onde? 
— Logo do lado de fora deste prédio. 
— O que estavam fazendo? 
— Eu... eu... 
— Eles o atacaram? 
— Não. 
— Houve um brilho de luz? 
Essa pergunta pareceu evocar uma lembrança em Complacência. Assentiu com a cabeça. 
— Quando um mensageiro de Deus ataca, sempre há luz —. Enraivecido, Rafar dirigiu-se a todos eles: — E vocês nem perceberam! Riram! Caçoaram! Quase sofreram um ataque do inimigo e o ignoraram! Nesse momento Rafar voltou-se para questionar Lucius um pouco mais. 
— Diga-me, príncipe deposto, como está a cidade de Ashton? Está pronta? 
Lucius respondeu com presteza. 
— Sim, Baal Rafar. 
— Oh, quer dizer que você já deu um jeito nesse Busche que vive a orar e nesse encrenqueiro adormecido do Hogan. Lucius ficou quieto. 
— Ainda não! Primeiro você lhes permite ocuparem lugares que reservamos para os nossos próprios protegidos especiais... 
— Foi um erro, Baal Rafar! — balbuciou Lucius. O redator do Clarim foi eliminado de acordo com as suas 
ordens, mas... ninguém sabe de onde surgiu esse tal Hogan. Ele comprou o jornal antes que se pudesse fazer 
alguma coisa. 
— E Busche? Segundo entendo, ele fugiu aos seus ataques. 
— Esse... esse era outro homem de Deus. O primeiro. Ele realmente fugiu. 
— E? 
— Esse homem mais jovem surgiu em seu lugar. Ninguém sabe de onde. Um longo, fétido suspiro escapou zumbindo pelas presas de Rafar. 
— O exército celestial — disse. — Enquanto vocês achavam que ele estava parado, seus membros moveram os escolhidos do Senhor bem debaixo dos seus narizes! 
Não é segredo que Henry Busche é um homem de oração. Vocês temem isso? Lucius assentiu com a cabeça. 
— Sim, claro, mais do que qualquer outra coisa. Nós o temos atacado, tentando fazê-lo ir embora. 
— E como ele tem reagido? 
— Ele... ele... 
— Fale! 
— Ele ora. 
Rafar meneou a cabeça. 
— Sim, sim, ele é um homem de Deus. E que me diz de Hogan? Que fizeram a respeito dele? 
— Nós... atacamos a filha dele. Os ouvidos de Complacência se aguçaram. 
— A filha? 
Mas Complacência não se pôde conter. 
— Eu lhes disse que não funcionaria! Apenas tornaria Hogan mais agressivo e o despertaria de sua letargia! 
Lucius tentou captar a atenção de Rafar. — Se meu senhor me permitisse explicar... 
— Explique — instruiu Rafar a Lucius enquanto mantinha um olho cauteloso em Complacência. Lucius rapidamente formulou um plano. 
— Às vezes um ataque direto não é o melhor, por isso... descobrimos uma fraqueza na filha dele e achamos que poderíamos desviar as energias dele em direção à mocinha, talvez destruí-lo em casa e desintegrar a família. Pareceu funcionar com o antigo redator. Pelo menos, foi um começo. 
— Não dará certo — bradou Complacência. — Até mexerem com seu senso de bem-estar e conforto ele era inofensivo. Agora receio não conseguir detê-lo. Ele está... 
Um gesto rápido e ameaçador por parte da mão estirada de Rafar conteve as lamúrias de Complacência. 
— Não quero que Hogan seja detido — disse Rafar. 
— Quero-o destruído. Sim, peguem a filha. Peguem qualquer outra coisa que possa ser corrompida. Um risco é melhor removido, não tolerado. 
— Mas... — gritou Complacência, mas Rafar apanhou-o rapidamente e disse soltando-lhe baforadas venenosas bem na cara. 
— Desanime-o. Certamente isso você pode fazer. 
— Bem... 
Mas Rafar não estava com a mínima disposição de esperar resposta. Com um vigoroso voltear do pulso, arremessou Complacência fora do aposento, de volta ao trabalho. 
— Nós o destruiremos, atacando-o por todos os lados até não lhe sobrar nem um pedaço firme de chão do qual possa lutar. Quanto a esse novo homem de Deus que surgiu, estou certo de que uma armadilha adequada pode ser armada. Mas com relação aos nossos inimigos: qual a sua força? 
— Não são nada fortes — respondeu Lucius, tentando recuperar a posição de competência. 
— Mas espertos o bastante para fazê-lo pensar que são fracos. Um erro fatal, Lucius —. Ele se dirigiu a 
todos: — Vocês não devem mais subestimar o inimigo. Vigiem-no. Contem quantos são. Saibam por onde andam, suas habilidades, seus nomes. Jamais missão alguma foi empreendida que não fosse desafiada pelos 
exércitos celestiais, e esta missão não é nada pequena. Nosso senhor tem planos muito importantes para esta cidade, mandou-me a pô-los em prática, e isso é suficiente para trazer nada menos que as hordas 
inimigas sobre as nossas cabeças. Acautelem-se, e não cedam terreno em parte alguma! E quanto a esses dois espinhos em nossa pata, essas duas barreiras implantadas... esta noite veremos de que são feitas.


Um comentário:

Unknown disse...

amiga obrigada pelo carinho me senti honrada
com seu convite, que capitulo grandão rs
linda noite amiga bjs

http://palavrasdemenina2010.blogspot.com.br/